Será que uma crença em uma verdade absoluta é inimiga da liberdade? Me responda, a maioria acredita que sim, nós os cristãos rotulamos de heresias certas crenças e de imorais algumas praticas. Ele exclui de suas comunidades os que transgridem seus preceitos doutrinários e morais ,para a essa geração contemporânea isso parece uma ameaça a liberdade civil pois divide a população em vez de unir.
O cristianismo também passa a impressão de ser culturalmente ignorante, ele parece escravizar ou, no mínimo infantilizar seus adeptos, determinando aquilo em que eles tem de crer e o modo que devem agir em todas as circunstancias uma mulher disse eu não posso viver para Deus, quero viver para mim mesma ela acreditava que o cristianismo sufocaria sua criatividade e seu crescimento
Emma Goldman ativista social do século 20 chamou cristianismo de “nivelador da raça humana, destruidor da vontade humana de ousar e agir… uma cerca de ferro,uma camisa de força que não permite que o homem se expanda e cresça.”
No final do filme eu robô o robô Sony cumpriu os objetivos para os quais havia sido criado, mas então ele se da conta de não ter outros propósitos para cumprir o filme termina com o dialogo entre o Sony e o detetive Spooner:
Sony: agora que cumpri o meu propósito ,não sei o que fazer.
Spooner: acho que você vai ter de descobrir o seu caminho como todos nós Sony isso é o que significa ser livre.
Segunda essa visão: liberdade significa a inexistência de um propósito supremo para o qual fomos criados se ele existisse.
O cristianismo parece inimigo da coesão social, da adaptabilidade cultural e ate mesmo da personalidade humana autentica, no entanto essa objeção se baseia em equívocos sobre a natureza da verdade, da comunidade, do cristianismo e da própria liberdade.
O cristianismo supostamente representa uma limitação ao crescimento e ao potencial dos indivíduos porque restringe nossa liberdade de escolher a própria crença e as próprias práticas. Immanuel Kant definiu um ser humano refinado como aquele que confia em seu poder de raciocinar, em vez de confiar na autoridade ou na tradição. Essa resistência à autoridade em questões morais é hoje uma corrente profunda em nossa cultura. A liberdade para estabelecer nossos próprios padrões morais é vista como indispensável à plenitude humana.
Nisso, porém, há um excesso de simplificação. A liberdade não pode ser definida estritamente em termos negativos, como ausência de restrição e limitação. Com efeito, em muitos casos, restrição e limitação acabam sendo um caminho para libertação.
Se você tem talento musical, deve se dedicar aos estudos de piano durante vários anos. Essa é uma restrição à sua liberdade. Você terá de se abster de fazer várias outras coisas no espaço de tempo que estiver investindo nesses estudos. Isso não significa que restrições, disciplina e limitação sejam intrínseca e automaticamente forças libertadoras. Por exemplo, um jovem de 1,65m de altura e 56kg não deve decidir tornar-se um jogador de voleibol. Mesmo toda a disciplina e esforço do mundo não conseguirão senão frustrá-lo e esmagá-lo (literalmente). Ele estará dando murro em ponta de faca, pois não tem potencial para isso. Em nossa sociedade, muita gente se sacrifica para seguir algumas profissões com altos salários, em vez de buscar alternativas adequadas ao talento e interesses próprios. Essas profissões tornam-se “camisas de força” que, no longo prazo, sufocam e desumanizam.
Disciplina e restrições, assim, nos libertam apenas quando se encaixam na realidade de nossa natureza e capacidade. Um peixe, porque absorve oxigênio da água e não do ar, só é livre quando limitado e restrito à água. Se o pusermos em um gramado, sua liberdade para movimentar-se até para viver não aumentará, mas, ao contrário, será destruída. O peixe morrerá se não respeitarmos a realidade de sua natureza.
Em muitas áreas de nossa vida, a liberdade está mais relacionada com a descoberta das restrições do que com a ausência de restrições. As que se encaixam na realidade de nossa natureza e do mundo geram maior poder e abrem o leque de nossas capacidades, resultando em felicidade e realização mais profundas. Experiências, riscos e erros produzem crescimento tão somente se ao longo do tempo nos mostrarem nossos limites, bem como nossas capacidades. Se crescemos intelectual, vocacional e fisicamente apenas sob restrições criteriosas, por que o mesmo não seria válido para o crescimento espiritual e moral?
Em lugar de insistir na liberdade para gerar a realidade espiritual, não deveríamos tentar descobri-la e usar de disciplina para viver de acordo com ela?
O conceito vigente de que cada um deve estabelecer sua própria moral baseia-se na crença de que a esfera espiritual nada tem a ver com o restante do mundo. Será que alguém acredita realmente nisso? Será que você acredita que existe um tipo de moral que ‘se impõe’, que não é definida por nós, mas que precisa ser seguida, não importa o que pensemos ou sintamos? Isso serve para reflexão.
O amor, a liberdade absoluta, é mais restritivo do que supomos
Qual é, então, a realidade moral-espiritual que precisamos reconhecer para prosperar? Qual é o ambiente que nos liberta quando nos restringimos a ele, à semelhança do peixe na água? O amor. O amor é a perda de liberdade mais libertadora que existe.
Um dos princípios do amor – seja ele a base de uma amizade ou de uma relação romântica – é a necessidade de abrir mão da independência para alcançar uma intimidade maior. Se você deseja as “liberdades” do amor – a realização, a segurança e a sensação de dignidade que ele traz – , terá de limitar sua liberdade de várias maneiras. Não é possível desenvolver um relacionamento profundo e tomar decisões unilaterais ou impedir que o outro opine com relação à maneira como você leva a vida. Para desfrutar da felicidade e da liberdade do amor, é preciso abrir mão da autonomia individual. A escritora francesa Françoise Sagan expressou muito bem esse conceito em uma entrevista ao Le Monde. Ela afirmou estar satisfeita com a forma em que tinha levado a vida e disse não ter nenhum arrependimento.
Entrevistador: então a senhora teve a liberdade que queria?
Françoise Sagan: sim[…] logicamente, eu tinha menos liberdade quando estava apaixonada por alguém. […] Mas ninguém passa o tempo todo apaixonado. Afora isso, sou livre.
Françoise Sagan tem razão. Um relacionamento afetivo limita nossas opções individuais. Mais uma vez, estamos diante da complexidade do conceito de “liberdade”. Os seres humanos se sentem mais livres e vivos quando se encontram em um relacionamento afetivo. É só no amor que nos tornamos nós mesmos, mas os relacionamentos afetivos saudáveis implicam entrega mútua, altruísta, uma perda de independência. C.S. Lewis manifestou-se com eloquência a esse respeito:
Ame o que quer que seja – seu coração certamente vai se apertar e poderá se desfazer pela dor. Se quiser garantir que ele permaneça intacto, não o entregue a ninguém, nem mesmo a um animal. Cubra-o cuidadosamente com hobbies e pequenos luxos; evite qualquer envolvimento; mantenha-o seguro no caixão de seu egoísmo – seguro, imóvel e abafado – ele mudará. Não se desfará pela dor, mas se tornará duro, impenetrável, irredimível. A alternativa para a tragédia ou, no mínimo, para o risco da tragédia, é o inferno.
Assim, liberdade não significa ausência de limitações e restrições, mas a descoberta das limitações e restrições certas, aquelas que se encaixam em nossa natureza e nos libertam.
Para que uma relação afetiva seja saudável, é preciso que haja perda mútua de independência. Não pode existir mão única. Ambos os lados têm de dizer ao outro: “Vou me adaptar a você. Vou mudar por sua causa. Vou servi-lo, mesmo que isso signifique sacrifício para mim.” Se somente um lado fizer sacrifícios e concessões e o outro apenas exigir e receber, o relacionamento será de exploração e haverá de oprimir e distorcer a vida de ambos.
À primeira vista, então, um relacionamento com Deus parece inerentemente desumanizador. Por certo terá de ser um relacionamento “de mão única”, do jeito de Deus. Deus, o ser divino, detém todo o poder. Preciso me ajustar a Deus, pois não há como Deus se ajustar e se entregar a mim.
Embora isso possa ser válido para outras formas de religião e de crença em Deus, não vale para o cristianismo. Deus ajustou-se a nós – em sua encarnação e expiação. Em Jesus Cristo, ele se tornou um ser humano limitado, vulnerável ao sofrimento e à morte. Na cruz, sujeitou-se à nossa condição – como pecadores – e morreu em nosso lugar para nos perdoar. Da forma mais profunda, Deus nos disse em Cristo:
“Vou me adaptar a você. Vou mudar por sua causa. Vou servi-lo, mesmo que isso signifique sacrifício para mim.” Se ele fez isso por nós, podemos e devemos dizer o mesmo a Deus e ao próximo. Paulo escreve: “…o que nos motiva é o amor de Cristo”
II Coríntios 5:14.
Perguntaram certa vez a um amigo de C.S. Lewis: “É fácil amar a Deus?”, ao que ele respondeu: “É fácil para aqueles que o amam”. O paradoxo não é tão grande quanto parece. Quando nos apaixonamos profundamente, queremos agradar o ser amado. Não esperamos que ele nos peça algo, corremos para descobrir ti e fazer tudo o que possa lhe das prazer e damos um jeito para que ele o tenha, por mais que custe, seja em dinheiro, seja em trabalho. “Seu desejo é uma ordem” – é o que sentimos – e nada há de opressor nisso. Quem vê de fora, pode pensar que estamos sendo comandados pelo outro, mas por dentro sentimos estar nas nuvens.
Para um cristão acontece o mesmo com relação a Jesus. O amor de Cristo motiva. Quando nos damos conta de como Jesus mudou por nossa causa e se entregou por nós, não temos medo de abrir mão de nossa liberdade, pois nele haveremos de encontrá-la.